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segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Artigo de Opinião de Fernando Rocha, Uma estratégia para ganhar a Esquerda e Portugal

BLOCO DE ESQUERDA
UMA ESTRATÉGIA PARA GANHAR A ESQUERDA E PORTUGAL

A hora que o País vive não se compadece com grandes delongas.  A situação do País é de grave crise política e social, ameaçando piorar a cada dia que passa.  Quanto à situação política o impasse é evidente e não se avizinha que, nas actuais circunstâncias, a dissolução da Assembleia da República, sem um corte com estas políticas, do PS e do PSD, possa clarificar, para resolver, a contento do povo, a situação.
Assim, no plano da macro-economia, o cerco montado pelos especuladores dos mercados, com a cumplicidade da União Europeia, liderada pela chanceler da Alemanha, determina um sufoco financeiro, por demais insuportável. Os juros da dívida sobem para além dos 7% e não se avizinha que venham a descer, nem é plausível (pelo exemplo da Grécia) que uma detestável, a todos os títulos,  intervenção do FMI os acalme. No plano social a situação, também dia-a-dia,  se vem agravando.  O desemprego continua a subir a níveis já superiores aos 10% e não se esperam, no futuro próximo melhores dias. A pobreza aumenta, colocando ao nível da indigência cada vez mais vastos sectores da população, com destaque para muitos idosos, que, com pensões de miséria, tem de optar entre a compra dos medicamentos, de um modo geral caríssimos e a própria alimentação.    E sobretudo a juventude vive a ausência de um futuro, no mínimo, dos mínimos, promissor.  As famílias fazem enormes sacrifícios para dar aos seus filhos um bom nível habilitacional,  mas nem já mesmo a licenciatura ou até um grau académico superior, permitem aos jovens aceder ao mercado do emprego.   A precariedade e o ordenado mínimo ou ligeiramente superior, são a regra para a grande maioria dos jovens  que acedem ao mercado do trabalho.
Ora, é neste cenário, de autêntica calamidade económica e social, que surge a Moção de Censura, ao Governo, do Bloco de Esquerda, que tanta polémica tem levantado.  Em primeiro lugar, depois de um momento de surpresa pela inesperada Moção, vinda do Bloco,  os comentadores, do sistema, apressaram-se em condena-la como "irresponsável", "inconsequente", etc..  Mas o maior problema com que depois a Comissão política do BE se defrontou foram as divergências no seio do próprio Bloco, com destaque para a inesperada posição de Daniel Oliveira,  ex-dirigente nacional do partido e actual comentador político. Tiveram, também, um relativo impacto  duas demissões de membros da Mesa Nacional (MN), que alegaram, que, como estrutura máxima dirigente da organização, a MN,  não foi ouvida nesta tomada de decisão,  de apresentação da Moção.  Neste aspecto, em concreto, convém desde já esclarecer que a Comissão Política teve toda a legitimidade para optar pela apresentação de uma Moção de Censura, uma vez que, entre reuniões plenárias da MN,  é a estrutura máxima do BE, com  poderes legítimos para gerir toda a actividade política.
Mas o que importa, sobretudo, é analisar se a Moção, por um lado tem justificação e, se por outro, é do ponto de vista estratégico-táctico uma boa aposta.  Ora pelo que se disse no segundo parágrafo deste texto, a Moção de Censura ao Governo está plenamente justificada, uma vez que a situação politico-social, do País, dificilmente poderia ser pior.  Do ponto de vista táctico a Moção tem o mérito de separar águas, no seio da oposição, já que entala, sobretudo o PSD, que finge ser oposição, mas que, na prática, tem apoiado todas as principais medidas políticas do Governo PS.  Se outras vantagens a Moção não tivesse, esta, a de clarificar quem está com a política do Governo e quem está de facto contra, só por si justifica a sua apresentação.
Quanto às críticas internas convém esclarecer que estas vêm sobretudo da facção liderada pelo Gil Garcia, da RUPTURA/FER (uma tendência existente no seio do BE), que é contrária à estratégia aprovada, na Convenção, da chamada esquerda grande, que privilegia a acção no seio do eleitorado PS, no sentido de o cativar para as nossas posições, enquanto que a citada tendência minoritária prefere uma aliança com o PCP.  A este propósito afigura-se-me serem  erróneas e demagógicas as declarações de Gil Garcia ao JN, quando diz temer uma aproximação ao PS, a que, aliás já aludiram a quando do nosso apoio a Manuel Alegre. Não se trata de uma aproximação à actual direcção do PS, nem o apoio a Manuel Alegre o foi.  Se bem interpreto o sentido da nossa estratégia, esta passa por construir uma esquerda grande ou seja, dito por outras palavras, trazer para as nossas posições, assumidamente de esquerda, todos quantos as considerem justas e válidas, procurando assim isolar as posições centristas e de direita existentes no seio do PS e da esquerda em geral.
A moção de censura, ao Governo Sócrates, tem, pois, de ser entendida, também, como uma preciosa arma ao serviço da nossa estratégia da ESQUERDA GRANDE e da afirmação de um outro caminho para o País que não passa pelas políticas do PS e do PSD, mas sim pelas políticas que o Bloco defende  e que a a própria Moção de Censura evidencia.

Fernando Rocha - Deputado Municipal do BE nas Caldas da Rainha

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