Proposta apresentada na Assembleia Municipal de Caldas da Rainha pelo deputado municipal Lino Romão:
Na última reunião da segunda sessão ordinária da Assembleia
Municipal de 2012, o vereador Tinta Ferreira na qualidade de vice-presidente e
em representação da Câmara Municipal, no âmbito da discussão das contas do ano transacto
assacou ao Estado Central a responsabilidade pelo estado do Termalismo em
Caldas da Rainha. Nas suas palavras, citamos: “O estado não investiu no
termalismo!” No entanto, os caldenses recordam-se, pela comunicação social, que
desde meados da década de 1990 foram feitas vastas obras de renovação no
Hospital Termal, por força do aparecimento da famigerada bactéria que levou à
interrupção da cadência normal de funcionamento das termas. Procedeu-se à
substituição dos equipamentos de captação da água termal, condutas, torneiras
ou outros tipos de terminais, banheiras, etc., em resumo, todas as superfícies
em contacto com a água. Milhões de euros de investimento que saíram do
Orçamento Geral do Estado, via Ministério da Saúde, e dos bolsos dos contribuintes.
A Câmara Municipal quer desvalorizar o papel do Hospital
Termal enquanto serviço público vocacionado para a saúde, tentando fazer assim
o caminho e a criação das condições para a sua privatização. Acontece que esta
atitude de branqueamento fere a memória dos caldenses e a dignidade de uma
instituição fundadora da cidade, com mais de cinco séculos, que sempre foi uma
âncora da economia local e uma autêntica alavanca do comércio tradicional.
A Câmara Municipal quer aliviar responsabilidades pela
inércia em que deixou cair a cidade e o concelho. Mas os factos falam por si: o
Hospital Termal está funcionar, e apenas a uns poucos milhares de utentes para
atingir o ponto de sustentabilidade. O número de utentes a atrair anualmente
para as Termas de Caldas da Rainha já foram alcançados no decorrer da década de
1990 e pode rapidamente ser recuperado, se para isso forem desencadeados os
processos e os meios necessários. Da sustentabilidade do Hospital Termal
depende fortemente a vitalidade do comércio tradicional, a começar pela
hotelaria e restauração, e a pujança da economia local no geral, impulsionada
pelo fluxo de aquistas que assumem também a condição de turistas, em estadias
médias de duas a três semanas de permanência na cidade.
Apesar da importância económica do termalismo, para a cidade
e para o concelho, a Câmara Municipal foi incapaz, até agora, de recuperar os
aquistas perdidos. Não percebeu a tempo a importância deste recurso termal para
o nosso desenvolvimento colectivo enquanto comunidade, e vem agora culpabilizar
o Estado Central da sua própria falta de iniciativa. É triste e lamentável.
Mas a Câmara Municipal ainda vai a tempo de emendar a mão e
inverter esta situação. O desafio que se coloca é o de lançar uma acção na área
da medicina e do termalismo: um congresso dirigido à classe médica, p. ex., ou
um colóquio sobre termalismo, eventualmente umas jornadas de saúde pública.
Qualquer coisa que revele capacidade de agir para contrariar a tendência
encolhimento económico que vivemos em Caldas da Rainha.
Assim o Bloco de Esquerda vem propor à Câmara Municipal de
Caldas da Rainha, por via da Assembleia Municipal, que lance um evento
devidamente pensado e adequado a ter lugar no CCC – Centro Cultural e de
Congressos, com o objectivo central de incrementar o Termalismo em Caldas da
Rainha, e assim estimular a economia local. Consideramos assim que a Câmara
Municipal se pode retratar de décadas de inércia, demonstrando agora alguma
capacidade de trabalho. Se for capaz de agir.
Caldas da Rainha, 8 de Maio de 2012.
O Deputado à Assembleia Municipal de Caldas da Rainha.
Lino Romão
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