BLOCO DE ESQUERDA CALDAS DA RAINHA

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segunda-feira, 8 de julho de 2013

Hoje dia 8 de Julho, intervenção do candidato á Camara Municipal, Carlos Carujo



Criação, participação, solidariedades

Intervenção de Apresentação de candidatura

Boa tarde a todas e a todos!

Agradeço o convite que me foi dirigido pela concelhia das Caldas da Rainha e pela distrital de Leiria do Bloco de Esquerda.

Vou procurar responder à pergunta habitual nestas circunstâncias: porque aceitei este convite?

Ao contrário de outros, não me candidato por me achar bom ou bonzinho. Não venho fazer o papel do candidato que se apresenta como imprescindível para resolver os problemas do concelho ou do que vem dizer que é tão bonzinho que até faz o sacrifício de se candidatar.

Não me candidato a pensar que deveria poder estar trinta anos num cargo político. Nem me candidato para ganhar experiência para um dia ser presidente de Câmara. A política que queremos não é uma carreira nem um projeto individual. E o mandato popular é demasiado importante para ser considerado um estágio. A política que queremos é criação, participação, solidariedades. E a urgência da ação política é aqui e agora.

A razão de ser desta candidatura é, pois, essa urgência. E a essa urgência só se pode responder no plural. Só me candidato no plural, candidatamo-nos. Candidatamo-nos para intervir desde já e doravante nas causas fundamentais para o concelho. Candidatamo-nos pela urgência de um projeto coletivo mobilizador para as Caldas da Rainha.

A urgência implica escolhas de que não podemos nem queremos fugir: prioridade a um programa de emergência social que apoie as vítimas da crise; aposta num projeto de reabilitação urbana que não fique por uma intervenção cosmética, casuística e limitada; aprofundamento de plano de desenvolvimento local participado com vista à criação de emprego de qualidade; defesa intransigente dos serviços públicos (da água como bem público, da dragagem permanente da Lagoa de Óbidos, do termalismo, da escola pública preterida nas Caldas da Rainha em nome do negócio, do sistema nacional de saúde tão desvalorizado, dos serviços públicos de proximidade como os correios).

A forma desta urgência deve ser uma democracia mais participativa para juntar vontades. A democracia participativa não se pode reduzir a um argumento eleitoral. A

democracia participativa não deve ser apenas uma paixão tardia. A democracia participativa não pode ser uma máscara do populismo moralista.

A democracia participativa só pode ser um impulso permanente. A democracia participativa deve irromper onde é mais difícil: pelas políticas estruturantes da cidade, pelos documentos desenhados para serem opacos (orçamentos, planos de ordenamentos do território etc.). A democracia participativa deve inverter as escolhas particulares em nome do bem comum.

Insistentemente, a cidade termal é afetada por uma estranha bactéria. Dizem os especialistas que é por falta de investimento. Assim vai o concelho e o país, condenados a uma política económica de desinvestimento que apenas poupa para ter de gastar mais e que prejudica assim toda a economia local. À nossa bactéria poder-se-ia chamar incompetência e liberalismo. Estes são a única coisa que parece ser irrevogável na política dominante.

Permanentemente, o conjunto do concelho é invadido por um estranho vírus. Dizem alguns que tem a ver com falta de investimento mas também com acomodamento e falta de visão estratégica. É o vírus do imobilismo. Candidatamo-nos porque não nos resignamos com a bactéria liberal nem com o vírus conservador do imobilismo. Para dar cabo deles propomos uma política criativa.

Crítico do liberalismo económico (que considerava “uma das formas mais revoltantes do privilégio e do despotismo”) e socialista preocupado em conjugar a igualdade e as liberdades individuais, o camarada caldense Raul Proença resume bem porque nos candidatamos.

Escreveu:

“só se conforma quem teme egoisticamente ou quem é demasiado inferior para não divergir, enquanto só se solidariza quem pode amar os diferentes.”

Solidarizar-se, amar os diferentes, é também tomar partido pelos mais desfavorecidos e não aceitar que se acentuem as desigualdades: económicas; geográficas (entre freguesias rurais e urbanas, subúrbios e centro); de mobilidade (preocupando-se com os peões e os utilizadores dos transportes públicos); etárias (tomando partido pelos idosos e pelas crianças).

Candidatamo-nos porque não nos conformamos. Candidatamo-nos contra os pequenos egoísmos da política dos interesses instalados, contra os medos que ela gera, contra o imobilismo e o conformismo de que se alimenta. Contra este estado de coisas,

trazemos a urgência das escolhas que devem responder à crise, o desafio da criatividade, a mobilização das solidariedades.

Porque só a solidariedade constrói cidades “sem muros nem ameias”. E só a solidariedade pode vencer a austeridade.

Carlos Carujo

Caldas da Rainha, 08-07-2013

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