BLOCO DE ESQUERDA CALDAS DA RAINHA

endereço-e: blocodeesquerda.cr@gmail.com
facebook: www.facebook.com/be.caldasdarainha

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

O Estranho caso da idoniedade



A idoneidade não foi às termas

De um dia para o outro, o Estado descobre-se pouco idóneo. Em causa está o Hospital Termal das Caldas da Rainha que está ao abandono. Segundo a “Gazeta das Caldas”, a Direção Geral de Energia e Geologia (DGEG) julga de forma severa o Centro Hospitalar do Oeste (CHO). O responsável daquela entidade, José Alcântara Cruz, fala em “falta de idoneidade técnica e financeira”, acusando o CHO de negligenciar o património termal de que é responsável e de ser incapaz de realizar as obras indispensáveis à reabertura do Termal. Assim, a solução seria retirar a concessão da CHO e atribui-la à Câmara Municipal.
Só que esta conclusão não deriva diretamente das premissas apresentadas e sobre esta falta de idoneidade convém falar claro: se DGEG considera que o problema reside na direção do CHO então a solução seria a sua demissão e não retirar a concessão do Hospital Termal ao Serviço Nacional de Saúde; se a DGEG considera que o problema reside na orientação política deste Ministro da Saúde então a solução seria exigir uma alteração de políticas e não retirar a concessão do Hospital ao Serviço Nacional de Saúde.
É preciso reafirmar que não se pode aceitar acabar com o Hospital Termal como parte integrante do Serviço Nacional de Saúde. É preciso acusar de incompetência quem tinha como tarefa gerir mas sobretudo acusar de negligência quem escolheu o desinvestimento público ao longo de vários governos. É preciso também combater a agenda declarada desta operação: preterir um equipamento de saúde que deveria estar disponível para os doentes em benefício de hotéis de luxo.
Por sua vez, o presidente da Câmara Municipal das Caldas da Rainha, que cavalga esta onda de forma oportunista, afirma pretender quando assumir a gestão “promover um protocolo com o Ministério da Saúde” até que “encontre um parceiro” para a exploração das termas. Ou seja, a mesma entidade que agora não é idónea para gerir o Hospital Termal voltará a sê-lo temporariamente até que se entregue o património termal à exploração privada.
Em cima da mesa, colocam a falsa alternativa: ou a exploração privatizada ou o encerramento. Sabemos que não tem de ser assim. O argumento central, de que não há dinheiro é falso. A falta de investimento público é uma escolha. Aliás, se é verdade que este património não tem preço também é verdade que é facilmente valorizável. Daí tantos apetites privados. Nomeadamente sobre os Pavilhões do Parque adjacentes ao Termal. É nessa valorização em nome do bem comum que se deve pensar.
A manutenção do Hospital Termal é fundamental para as Caldas da Rainha. Tal como o é o desenvolvimento de projetos que dinamizem as zonas adjacentes. Em vez de se pretender substituir ao Serviço Nacional de Saúde, a Câmara poderia trabalhar no sentido de defender a criação de um centro de investigação público transversal dedicado à água, ao termalismo, ao bem-estar e à saúde mental. Uma idoneidade ao serviço de todos/as poderia começar por aqui.


Carlos Carujo 
Lino Romão

Sem comentários:

Enviar um comentário