Bloco de Esquerda questiona Câmara Municipal das Caldas da Rainha sobre presença de militares em ações de “limpeza” da cidade
A
candidatura do Bloco de Esquerda à Câmara Municipal das Caldas da
Rainha questionou hoje a Câmara Municipal sobre a presença de meios
militares numa ação de limpeza de prédios na cidade.
A questão
dos graffitis tem sido uma das questões centrais da campanha caldense.
Num texto assinado pelo cabeça de lista, Carlos Carujo, questiona-se
quem pediu esta intervenção feita em vésperas de eleições autárquicas e
se esta é intervenção localizada ou doravante a limpeza da cidade vai
ser assegurada pelo exército.
Para além do mais, a ação dos
militares apagou uma intervenção artística de writters caldenses
contribuindo para a confusão entre arte urbana e sujidade.
Texto completo:
Tinta militar em tempo de campanha
A
corrida para branquear as Caldas da Rainha está ao rubro. Primeiro foi o
secretário-geral do PS, António José Seguro, que veio simbolicamente
passar tinta branca em cima de uns tags no centro da cidade. Agora é o
exército que entra pela campanha dentro e pinta de branco uma
intervenção artística de writters caldenses. Para os branqueadores
políticos, as questões estéticas não parecem relevantes. Não será
importante distinguir arte urbana de sujidade. O efeito fácil nas
eleições conta mais.
Em tempo eleitoral, o envolvimento dos
militares nesta operação levanta perguntas a que urge responder: quem
pediu esta intervenção (a Câmara, a Junta)? Porque foi feita somente
nesta altura em vésperas de umas eleições autárquicas em que a questão
dos graffitis tem sido central? É uma intervenção localizada ou
doravante a limpeza da cidade vai ser assegurada pelo exército?
Já
outros soltam a sua veia persecutória à espera de lhes caírem no regaço
os votos de quem se sente mal com tantos tags agressivos no centro da
cidade: Manuel Isaac, candidato do CDS, promete na sua página de
campanha no facebook a “exclusão total” dos “vândalos”.
É preciso
resistir aos discursos eleitoralistas da agressividade ordeira e à
tentação cosmética. Não basta branquear os problemas sociais ou
maquilhar o abandono do espaço público. São necessárias intervenções de
fundo na malha urbana e no tecido social. A escolha destas eleições é
também entre a coragem desta intervenção e a política branqueadora.
Carlos Carujo
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