Vencer a crise: criatividade, participação e solidariedades!
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Algumas palavras prévias sobre o Hospital Termal. O Lino Romão, cabeça
de lista do BE à Assembleia Municipal, não está aqui como previsto
porque foi marcada uma sessão desta Assembleia para decidir o futuro do
Termal. A direita apresenta como proposta “municipalizar” como forma
para depois privatizar aquela que é a fonte de identidade e de grande
parte da vida da cidade. Hoje, dividem-se as águas sem espaço para meias
tintas: ou se está a favor ou contra o fim do Hospital Termal. Aqui
estamos para defender o Hospital Termal como Hospital Público.
- Sobre a crise nas Caldas:
A
gestão de Fernando Costa deixou-nos um legado pesado a que os seus
herdeiros políticos prometem ser fiéis apenas com mais “dinamismo”.
Parte
deste legado pesado é o caos urbanístico: um crescimento urbano
desregrado, um parque habitacional decadente, um trânsito caótico e um
espaço rural abandonado.
A cidade que foi construída pelos
interesses imobiliários especulativos é o contrário da cidade que devia
ser planeada pela democracia.
A outra parte desse legado pesado é
o orgulho imobilista que se gaba de ter os cofres cheios enquanto a
economia local definha. A crise dentro da crise é uma obra de 30 anos de
gestão da direita que levou à destruição dos motores tradicionais da
economia local. A falta de investimento público é também um sinónimo de
descaracterização dos espaços públicos.
Crise económica, crise
ambiental: em tempo de eleições a salvação da Lagoa de Óbidos é sempre
prometida. O facto é que ela continua a poluída e a morrer vítima do
assoreamento. Esta geração de políticas do centrão arrisca-se a ficar
conhecida como a que matou riquezas inestimáveis: o Hospital Termal e a
Lagoa de Óbidos.
Pela crise das nossas vidas e por estes bens comuns, estas eleições fazem-se sob o signo da maior urgência.
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É preciso vencer a crise: o Bloco de Esquerda concorre sob o lema:
criatividade, participação e solidariedades para vencer a crise
- Responder à crise com Solidariedades
A
solidariedade é a forma dos serviços públicos. É urgente defender a
água como bem público, a escola pública preterida nas Caldas da Rainha
em nome do negócio, o sistema nacional de saúde tão desvalorizado, os
serviços públicos de proximidade como os correios.
A
solidariedade deve ser também a forma da resposta de emergência contra a
destruição do Estado social. Esta resposta não pode ser apenas a
indústria da caridade, mediada por outros interesses. O próximo
executivo deve coordenar as respostas existentes mas também criar outras
para que ninguém fique sem direitos mínimos: o direito à alimentação, à
água, a habitação condigna, a eletricidade e a gaz, o direito aos
medicamentos. É preciso criar um gabinete de crise multidisciplinar e um
programa de emergência social local.
É preciso criar emprego e
responder à crise da habitação e aos despejos. Um projeto de
reabilitação urbana é fundamental para criar arrendamento a custos
controlados.
- Responder à crise com Participação
A
democracia participativa não é uma flor na lapela nem pode ser reduzida
a uma operação de marketing. É um processo permanente de transformação
social. O Bloco de Esquerda foi pioneiro na defesa do Orçamento
Participativo e pretende agora, que o processo corre o risco de ser
travado ou descaracterizado, intensificá-lo, aprofundá-lo, abri-lo às
freguesias, realizar os projetos decididos.
A participação vale
por si só do ponto de vista democrático mas é também mobilizadora do
ponto de vista do desenvolvimento: é necessário um plano participativo
de desenvolvimento sustentável; é necessária a aposta na Praça da Fruta,
na agricultura biológica, criando um gabinete de apoio ao agricultor.
- Responder à crise com Criatividade
A
criatividade tem de ser muito mais do que uma retórica. Há uma
apropriação da palavra que a aproxima da seletividade social e a aborda
como princípio de exclusão, torna-a uma justificação do capitalismo mais
feroz. É a precariedade que encontramos muitas vezes disfarçada de
precariedade. É a destruição de emprego que é tantas vezes apresentada
como criativa.
Mas outra criatividade é possível. A criatividade
das cooperativas e da economia social, a dos projetos e das redes de
criação, a dos artesãos locais, a dos/as trabalhadores/as que respondem à
crise.
Ou a criatividade necessária, por exemplo, para
valorizar o trabalho dos pescadores e mariscadores. Ou a criatividade
que aproveite o potencial da mão-de-obra local para desenvolver um
centro cultural para integração de crianças e jovens em risco.
Criatividade
é um nome para a desconstrução de hábitos. E um dos hábitos mais
enraizados e mais difícil de combater é o de seguir os interesses
instalados. Uma Câmara Municipal nunca é neutral socialmente. E o nosso
compromisso é fazer da democracia participativa uma decisão sobre os
meios de criação de riqueza socialmente válida e ecologicamente
responsável. O nosso compromisso é também a redistribuição da riqueza
criada em benefício dos mais desfavorecidos, em nome da justiça social.
Contra
a criatividade destruidora da austeridade e do capitalismo selvagem, a
criatividade da solidariedade e da justiça social.
Carlos Carujo
10-09-2013
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